Por que a bandeira da família não pode também ser colorida? Estudo de recepção da propaganda política do Partido Social Cristão (PSC) por homo e heterossexuais

Por que a bandeira da família não pode também ser colorida?
Estudo de recepção da propaganda política do
Partido Social Cristão (PSC) por homo e heterossexuais1
Ettore Stefani de MEDEIROS2
Milena Freire de OLIVEIRA-CRUZ3
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS
Resumo
O artigo apresenta resultados de uma pesquisa de recepção cujo objeto de análise é uma campanha política do Partido Social Cristão, veiculada em 2011, cujo tema central é a valorização da família nuclear. Foram realizados dois grupos focais com homossexuais e heterossexuais com o objetivo de compreender o papel das mediações de família, religião e gênero nos processos de recepção da campanha em questão.
Palavras-chave
Propaganda política; Recepção; Família; Gênero; Religião
Introdução
O objeto de estudo deste trabalho é uma propaganda política do Partido Social
Cristão (PSC), que valoriza as famílias nucleares e expressa que a fortaleza das mesmas depende das relações heterossexuais. Ao se apropriar de discursos hegemônicos, o PSC intenta concretizar normas e sedimentar ideologias dominantes (MARTÍN-BARBERO,
2006), especialmente quanto a concepções de gênero, religião e família.
O texto ora apresentado exibe resultados de uma pesquisa concluída, cujo que problema de pesquisa é: Qual o papel das mediações de família, religião e gênero nos processos de recepção da campanha do PSC por parte de jovens homens heterossexuais e homossexuais? Portanto, nosso objetivo principal é entender o papel dessas mediações nos processos de recepção da campanha do PSC por parte dos públicos citados. Nesse sentido, foram desenvolvidas pesquisas empíricas a fim de perceber como constituição familiar, postura religiosa, noções de gênero e os pontos que se cruzam entre tais mediações influenciam a maneira de ver a campanha política.
Este trabalho divide-se em seis partes: 1) Gênero e Homossexualidade, em que é explicada a relação entre homossexualidade e desigualdade de gênero; 2)