Por que estudar ética
(Texto extraído e adaptado do livro de MOLINA JIMENEZ, C.
Trabalho e convivência: um ensaio de ética profissional. Ed. UEL, 1997).
O estudo da ética pode ter consequências positivas sobre a vida moral. Não no sentido de que as pessoas se tornem moralmente melhores estudando ética. Uma pessoa pode apresentar uma grande bondade moral, tenha ou não estudado ética, tenha ou não estudado qualquer coisa.
Porque a bondade moral não depende do conhecimento; mas sim da retidão da vontade, e esta é da qualidade humana da pessoa; o que, por sua vez, é produto de sua sensibilidade para com os assuntos humanos e da formação de seu caráter.
A ética não pode proporcionar essa bondade moral. Só pode fazê-la mais lúcida, mais consciente, mais inteligentemente conduzida.
Numa
metáfora: a ética não pode dar coração ao agente moral para que sinta e valorize; somente vista aguda e cérebro treinado para que perceba melhor e analise mais apropriadamente as implicações morais das situações e das condutas humanas.
Onde não há essa bondade, a ética pode, talvez, contribuir com argumentos para conseguir que o interesse individual, egoísta, bem entendido, inteligentemente planejado, recomende seguir comportamentos compatíveis com as exigências da moralidade. Ou seja, pode adotar-se, calculadamente, linhas de conduta objetivamente morais, embora sua motivação básica seja o interesse puramente pessoal. Isso ocorre quando
o indivíduo se torna capaz de compreender que o bem dos demais é sempre condição necessária de seu bem particular, sobretudo se quer assegurar o reconhecimento social a seu direito de desfrutar esse bem.
Estudar ética proporciona uma visão mais ampla e profunda da vida moral, o que pode repercutir positivamente sobre ela. Façamos algumas precisões pontuais:
1 – A ética busca um alto grau de compreensão racional da vida moral e, portanto, possibilita um exercício mais
lúcido