política
Pesquisa mostra que 82% dos brasileiros acreditam que é fácil desobedecer a legislação
Suzano Almeida suzano.almeida@jornaldebrasilia.com.br Se há um representante da malandragem brasileira conhecido mundialmente é o Zé Carioca. Criado na década de 1940 por Walt Disney para homenagear o chargista J. Carlos, o personagem se tornou símbolo de malícia pela forma como dava o velho e bom “jeitinho” para se safar das confusões que arrumava.
O tal do jeitinho, que tornou o papagaio brasileiro famoso, se transformou em objeto de estudo do Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas (CPJA/FGV) e revelou que 82% dos brasileiros acreditam ser fácil desobedecer a lei, e 79% sempre apelam para o jeitinho quando necessário.
O objetivo do Índice de Percepção do Cumprimento da Lei (IPCL Brasil) é avaliar a obediência do brasileiro às leis e às autoridades. A pesquisa feita no DF e em sete estados é baseada na percepção e na frequência com que os entrevistados afirmam ter violado as regras e leis.
Variações
Para a professora Maria Stela Grossi Porto, do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), os índices apresentados pelo estudo variam entre as classes sociais e suas situações. “Determinada parcela da população se torna perseguida e incluídas como suspeitas em determinadas situações. A ideia de jeitinho está ligada às diferenças sociais. Para se safar de alguma situação elas usam da conversa e do convencimento, ”explica.
De acordo com a pesquisa, 54% dos entrevistados acreditam existir poucas razões para obedecer as leis. Na avaliação apresentada no relatório, o brasileiro ainda precisa de justificativas para cumpri-las. “Muitas vezes, as leis não funcionam por questões como inconstitucionalidade ou porque são populistas, apenas para agradar os eleitores. Outras não estão de acordo com os valores da sociedade ou não são aceitas pelo excesso de rigor”,