Politica
O estado moderno, como instituição liberal e laica, resulta de um processo histórico e gradual que envolveu diferentes atores sob fortes conflitos na medida em que ia se estabelecendo. O Brasil destoa dessa tendência, pois suas singularidades permitem identificar um “continuísmo” a cada mudança de regime (colônia, império, república) em que a elite no poder conseguiu articular alterações sem incluir a maioria da população, evitando grandes rupturas sociais, propriamente dito. Alterações significativas na esfera política, sob o ponto de vista modernizante, são percebidas somente a partir da década de 1930.
É possível dizer que a construção do ordenamento político máximo teve início com a chegada dos navios que traziam a família real de Portugal. Assim, o Estado, no Brasil, não brotou dos anseios da sociedade organizada, mas, é claro, acabou se constituindo em relação a esta.
As insatisfações a respeito da política atual no Brasil, se não são justificáveis, são no mínimo compreensíveis. É necessário um olhar abrangente, pois nada é gratuito; há uma história, um porquê. Muito do que hoje se percebe se explica pela forma como o Brasil lançou as bases para seus arranjos políticos e formação do seu Estado. Pretendemos apontar aqui algumas dessas características fundamentais que deram forma e, em parte, condicionaram a trajetória da política brasileira. Inicialmente destacaremos algumas características que ainda hoje comprometem o estilo brasileiro de “fazer política” e articular a “coisa pública”. Depois faremos uma rápida abordagem da modernização do Estado (a partir de 1930) buscando desembocar numa rápida avaliação da democracia brasileira.
As raízes da política brasileira
Inicialmente cabe destacar e relembrar que o Brasil foi colônia durante 400 anos. Sua organização é resultado de uma grande operação de conquista e ocupação dos interesses do Novo Mundo, empreendimento cujos sócios eram a coroa portuguesa,