HÔTE, Jean Michael. A Política Social em Favor das Pessoas Idosas. In: Brasil, uma Política para a Velhice já. Rio de Janeiro, Ed. Brascores, 1988. p. 197-264. O autor relata o resultado de estudos e pesquisas realizadas durante uma viagem ao nosso País em 1984, na qual durante 5 meses procurou de modo objetivo observar a realidade brasileira, sobretudo no que diz respeito a situação do idoso no Brasil. Refere que o Brasil ainda não se dotou de um verdadeiro programa de ação destinado a população idosa. Em vez de política social, devemos falar de um conjunto de iniciativas privadas já antigas e de medidas públicas mais recentes visando, entre as pessoas idosas, as que estão desprovidas de recursos e que são em grande número acima de 60 anos. Trata-se mais de uma política de assistência em favor das pessoas idosas do que de uma política de benefícios colocados à disposição. A política social brasileira se constitui em volta da família como início de vida e o asilo como terminal de vida, evidenciando dois pólos extremos na trajetória natural de envelhecimento da população. No Brasil prevalece a idéia de que a família é o lugar natural de integração social da pessoa idosa. A idéia corrente é a família de tipo patriarcal, a grande família que fundou a sociedade brasileira à medida de que ela se reduzia as dimensões da família nuclear moderna tendia a excluir seus elementos idosos. A marginalização ocorre pela redução do nível de renda, pelo baixo nível cultural, pelo afastamento da pessoa idosa de sua família, pela entrada forçada nos asilos; são várias análises que insistem sobre a imagem desfavorável que os jovens têm das pessoas de idade, a quem se dão facilmente qualitativos cheios de piedade (“os velhinhos, coitados”) ou de desprezo (“esclerosados”). As pessoas de idade têm, sobretudo falta de um espaço social e a forma de integração mais utilizada é a participação a um grupo estabelecido por órgãos de assistência públicos ou privados, ou pela comunidade;