Poesia
Nossos diálogos são intermináveis, princesa...
Ainda não sei por que gosto tanto de ouvir-te.
Poderias-me falar sobre qualquer coisa, é o que sinto:
O extermínio das baleias, um filme, um causo,
Ou as novelas do SBT, as notícias maquiadas nos jornais,
Sobre plantas, pássaros, acidente aéreo;
Ou podes falar deste carinho singelo, ganhando teu rosto,
Dessa mão cálida, entrelaçada à minha, dois viandantes.
Das nossas horas em comum, que se esvaem velozmente.
Desta saudade que não aterrissa, tamanha a distância.
Podes deixar o tempo ido reacender nas lembranças:
Nosso encontro no balanço, a timidez incipiente,
Da poesia presente em nossos dias afáveis.
Presto atenção ao que dizes, por certo,
Há, contudo, um encantamento de sirena, irresistível,
Levando-me para outras águas docemente.
E são os teus olhos o motivo de maior dor na partida,
Regresso para casa como quem ruma ao exílio.
Quando estou contigo há uma parte de mim que ganha à rua -
E é uma criança de oito anos, brincando em volta, em mim,
Subindo em árvores, gargalhando, com um trocado na mão.
Em meio à discussão um de nós acaba cedendo.
Certa vez tu me pediste desculpa por mensagem,
Respondi: "Desculpo. Então casas comigo?" e nós rimos,
Rimos. Pareceu engraçado uma verdade vir assim, desajeitada...
Enfim, amada, reserva para mim mais um tempo em teu coração,
É meu desejo, nesta vida, em todas as estações ter-te a meu lado.
Dias d’Ávila, Bahia, 16 Abril 2014.
Cleilson dos S. Pinheiro.