Poesia - Porque eu uso chapéu
I
Muita gente me pergunta,
Por onde tenho passado,
Sobre esse companheiro
Que tem me acobertado.
Não o tiro da cabeça,
Por isso, talvez mereça
Ser mesmo interrogado.
II
Acho que sou viciado,
Ou me sinto envaidecido,
Quando me olho no espelho,
Vejo-me “bem parecido”,
Massa, palha, ou couro cru,
Sem ele me sinto nu,
Com ele estou bem vestido.
III
Dizem que sou atrevido,
Que quero ser diferente,
Mas, eu não dou atenção
Pro povo maledicente,
Estou de chapéu, agora,
Posso usá-lo, toda hora,
Seja em qualquer ambiente.
IV
Estão vindo à minha mente
Os famosos de chapéu:
Alberto Santos Dumont
Recebeu o seu laurel,
O Aviador brasileiro,
No mundo, foi o primeiro,
A passear pelo céu.
V
Também fez grande escarcéu
Guevara, na Argentina,
Que exerceu seu ofício
Muito além da medicina.
Foram anos de guerrilha,
E sua boina “inda” brilha
Por toda América Latina.
VI
Esta lista não termina:
Charlie Chaplin no cinema,
Carmem Miranda na música,
Patativa no poema,
E Colombo além dos mares,
Eu posso citar milhares
Sem ter que sair do tema.
VII
Veja, qual é o emblema
Do Cangaço no Sertão?
Ta lá, o chapéu de couro
Usado por Lampião,
No tempo seco ou molhado,
Esse uniforme adornado
Tinha grande precisão.
VIII E, o grande Napoleão
Tinha um modelo espremido,
Curto na frente e atrás,
E na lateral comprido,
Comandando sua tropa,
Conquistou toda a Europa,
Mas, em Mosco foi vencido.
IX
Eu acho muito atrevido
O chapelão mexicano,
O chapéu preto do Zorro
E o capacete romano,
A mitra e o solidéu
Usado como chapéu
Do papa, no Vaticano.
X
Não posso ser leviano
Com a nossa tradição,
Quem também usou chapéu
Foi Padre “Ciço” Romão
E até hoje, o romeiro
Que visita Juazeiro
Segue a mesma devoção.
XI
Um fiel em oração
Ajoelha-se devotado,
Tem fé no santo do povo
E pede pra ser curado,
E pra que o santo lhe valha,
Levanta o chapéu de palha,
Sendo assim abençoado.
XII
O