poemas
Indianista:
Ao contrário de José de Alencar, que olhava com simpatia o branco colonizador, Gonçalves Dias via o europeu como símbolo do terror e da exploração do índio:
Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos guerreiros,
Vem roubar-vos a filha, a mulher!
I-Juca Pirama
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudos, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!
(...)
Gonçalves Dias. Poesia completa e prosa.
O título tem como significância - “o que há de ser morto” e o poema nos apresenta a história do último descendente da tribo Tupi, feito prisioneiro pelos Valentes Timbiras, cujo nome retrata a idealização do índio e a exaltação da natureza.
Na lírica, o poeta cultivou temas filosóficos, como o sentido heroico da existência no enfrentamento e superação constantes de obstáculos e frustrações, bem como do pessimismo diante dos rumos da vida, contido em uma tristeza dignificada pela arte. Observemos outros fragmentos do poema intitulado:
Ainda uma vez — Adeus
Enfim te vejo! — enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!
II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!
(...)
E na poesia nacionalista