Planilha orçamentária
Bases concretas Em teoria, sapatas, blocos e radiers são os elementos de fundação mais simples de projetar e executar, mas não é bem assim
Apoiados a pequenas profundidades em relação ao nível do solo, certos tipos de fundação requerem pouca escavação e consumo moderado de concreto para execução das peças. Apesar disso ? a suposta simplicidade dos blocos e sapatas ? é preciso cuidado ao projetar e executar esses elementos que são a base da estrutura. Como usam camadas superficiais do subsolo para transferir as cargas da construção, as fundações rasas estão mais suscetíveis a mudanças na composição do solo do que as profundas. Além disso, as sondagens não varrem todo o terreno, podendo ocorrer alterações superficiais não detectadas. "Não se pode menosprezar o risco", afirma o projetista de fundações Daniel Rozenbaum, da Fundacta. "Só dá para saber exatamente o que estará abaixo de uma sapata na hora de executá-la." É importante lembrar que, se o solo não for adequado, não adianta mudar as características da peça ? por exemplo, aumentar a resistência do concreto. "O que condiciona o desempenho da fundação é a resistência do solo, que é, no final das contas, o elo fraco do sistema", diz Waldemar Hachich, professor da Poli-USP e presidente de ABMS (Associação Brasileira de Mecânica de Solos). Por isso, no caso de sapatas, a liberação da concretagem de cada elemento deve ser feita pelo projetista/consultor das fundações. Caiu por terra o conceito de que todas as sapatas devem receber a mesma pressão, muito comum no meio técnico algumas décadas atrás. "O que deve ser uniforme é o desempenho da edificação, não as cargas sobre cada sapata", comenta Hachich. Ainda na fase de projeto, o contato entre projetista de fundações e estruturas deve ser constante. Afinal, não dá para dissociar os funcionamentos da infra e da superestrutura. Outro motivo é a possibilidade de nem todas as sapatas terem a mesma profundidade. Se uma peça estiver mais profunda que as