Eis o motivo por que as proposições educacionais de John Dewey afastam-se terminantemente de pedagogias que não possuam fins claros e bem definidos para o processo educativo: é porque Dewey pretende contribuir para a edificação de um mundo melhor no presente e no futuro, mas este é um projeto que pode não se realizar, se não for meticulosamente planejado. Não há nada que garanta a democracia, a não ser o esforço daqueles que nela acreditam, esforço que inclui o desenvolvimento de processos realmente educativos na escola. A concepção educacional de John Dewey consiste em transmissão de conhecimento acumulado pela experiência humana, o que se traduz em desempenho ativo do adulto que detém esse conhecimento. Essa é uma proposição que muito se distancia das pedagogias escolanovistas que defendem a pura e simples abolição do mestre, das lições e dos livros, e creditam à espontaneidade da criança a responsabilidade por todo o processo pedagógico. Como se vê no livro Democracia e Edu- cação, o pensamento deweyano caracteriza-se por uma nítida distinção entre educação informal e formal. No plano dessa obra, quando o autor deixa de analisar a transmissão de conhecimentos em qualquer ambiente educativo, momento histórico ou tipo de comunidade, e passa a tratar da escola situada na sociedade complexa e fragmentada em múltiplas especialidades, torna-se evidente a diferença que há "em permitirmos a ação casual do meio e em escolhermos intencionalmente o meio para o mesmo fim" (DEWEY, 1959a, p. 20). Dewey caracteriza a escola como espaço planejado para o desempenho de funções educativas reguladas, o que exclui qualquer iniciativa de aproximação do ambiente formal com o ambiente informal, o que resultaria na diluição - e conseqüente esvaziamento - dos saberes que a escola deve ensinar, pois deixar livre o espírito infantil é deixá-lo à mercê de influências que podem levá-lo em direção contrária ao conhecimento. A esse respeito, Dewey (1959 a, p. 22) é categórico ao afirmar que