Pimenta, pedro augusto - jesuítas no japão o discurso português sobre o fracasso da cristianização - préprojeto
4794 palavras
20 páginas
Jesuítas no Japão: o discurso português sobre o fracasso da cristianização.Pedro Augusto Pimenta
Tema, Justificativa e Relevância.
O projeto aqui apresentado buscará analisar a interpretação dos jesuítas sobre a proibição do cristianismo no Japão com o édito de 1587. Para isso iremos utilizar como fontes as cartas e documentos deixados pela ordem e por outros relatos de religiosos contemporâneos. A presença portuguesa em solo nipônico foi recebida pelos daimyos1 do sul, território onde os portugueses atracaram pela primeira vez em 1542, com entusiasmo e curiosidade. O interesse dos japoneses pela cultura dos recém chegados jesuítas era grande. E maior ainda era a sede de conhecimento dos japoneses pelas novidades tecnológicas trazidas pelos europeus, tais como conhecimentos náuticos, bélicos, astronômicos, físicos entre outros. Este interesse fica claro nas crônicas japonesas
Teppô-Ki2. A opinião dos portugueses em relação à civilização nipônica também era de deslumbramento e admiração. Podemos observar isto em um trecho da carta enviada em
1561, pelo jesuíta Cosme Torres a seus superiores em Roma, em que descreve os japoneses da cidade de Yamagushi:
São discretos quanto se pode cuidar: governam-se pela razão tanto ou mais que os espanhóis. São curiosos de saber mais que quantas gentes eu tenho conhecido (....) Em todo o descoberto não há homens da sua maneira. Tem muy linda conversação e me parece que todos eles se criaram em passos de grandes senhores.(...) 3
As armas de fogo introduzidas pelos portugueses favoreceram militarmente os daimyos que delas puderam usufruir, e foram de vital importância para o processo de centralização política por via da guerra4, favorecendo assim o estabelecimento do
1
Daimyos: “senhor feudal” Barrington Moore. As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia. São
Paulo. Martins Fontes, 1983. pp 322
2
Teppô-ki: “crônicas da espingarda” apud BOSSONG, George. O elemento português no Japonês. In: