Peça teatral!
César Junior – maio2010
Sons de trovões e raios, tudo escuro, raios invadem o teatro...musica de teatro mambembe, entra um clown puxando uma carroça e nela, coberta por tecido, esta uma estátua que lembra a esfinge de Édipo Rei ... ela é posicionada perto da platéia no meio do corredor ...
Entra uma atriz, se veste de trapo, carrega um prato esmaltado e envelhecido pelo sabor do tempo ela canta coração de estudante – Milton Nascimento
Atriz
Venham ver, nesta noite em tudo se anuncia, o fim e o renascimento do artista, do palhaço, do músico, artesão, pintor, do fotógrafo ... do ator... a arte esta condenada a morte... a arte perdeu seu valor, seu encanto, e nós artistas somos condenados a fome... a prostituição dos nossos sonhos, do nosso talento , nossa magia... nos ofereceram uma maçã ... a mais bela ... a mais brilhante... enfeitiçada pela bruxa preta branca neve manchada pelo cálice da soberba ... o artista virou artesão, faz do nada um tudo para não morrer...
Estátua e atriz
De fome... de sede... de sonhos... ilusão
Estátua
Decifra-me ou te devoro! No começo era um breu total, a mente humana não era nada... apenas um vazio...
Estátua e atriz
Vazio da alma... carne crua... nua.. Adão e Eva... sem pensar... raciocinar, mente escura... escuridão... noite e não dia
Estátua
A maçã, o sagrado segredo... o selo inquebrável... promessa desfeita
Estátua e atriz
A redoma quebrou, o selo se partiu, profana criatura... Um Deus ressentido... de amor traído, expulsos do paraíso, tão humanos, imagem e semelhança, somente imagens, humanos e não Deus...
Estátua
Desde daquele dia o Homem quis ser também um Deus criador...
Estátua e atriz
Imitador
Estátua
Das pinturas nas rochas ancestrais, dos filosóficos pensamentos gregos, da arte do falar, do escrever do pensar, da música, dos acordes ... da canção, do toque... da expressão
Estátua e atriz
O Homem quis ser também um Deus criador... Imitador... não