Petróleo venezuela e cobre no chile
O cobre não demorou muito para ocupar o lugar do salitre na economia chilena, ao mesmo tempo em que a hegemonia britânica abria passagem ao domínio dos Estados Unidos. Às vésperas da crise de 1929, os investimentos norte-americanos no Chile ascendiam a mais de 400 milhões de dólares, quase todos destinados à exploração e ao transporte do cobre. Até a vitória eleitoral das forças da Unidade Popular em 1970, as maiores jazidas do metal vermelho continuavam nas mãos da Anaconda Copper Mining Co. e da Kennecott Copper Co., duas empresas intimamente ligadas entre si, como parte do mesmo consórcio mundial. Em meio século, ambas remeteram do Chile para suas matrizes quatro bilhões de dólares, caudaloso sangue que se evadiu sob diversos títulos, e em contrapartida tinham efetivado, segundo suas próprias e infladas cifras, um investimento total que não passava de 800 milhões, quase tudo proveniente de lucros arrancados ao país[1]. A hemorragia fora aumentando na medida em que a produção crescia, até superar os 100 milhões por ano nos últimos tempos. Os donos do cobre eram os donos do Chile.
Enquanto escrevo isto, em fins de 1970, Salvador Allende fala da sacada do palácio do governo para uma multidão fervorosa; anuncia que assinou o projeto de reforma constitucional que tornará possível a nacionalização da mineração. Em 1969, diz ele, a Anaconda alcançou no Chile lucros de 79 milhões de dólares, que equivalem a 80 por cento de suas rendas em todo o mundo: no entanto, acrescenta, a Anaconda tem no Chile menos da sexta parte de seus investimentos no exterior. A guerra bacteriológica da direita, uma planejada campanha de propaganda destinada a semear o terror para evitar a nacionalização do cobre e as demais reformas de estrutura anunciadas pela esquerda, foi tão intensa quanto nas eleições anteriores. Os jornais publicaram fotos mostrando tanques soviéticos movimentando-se diante do palácio presidencial de La Moneda; nas paredes de Santiago