Pesos
A medição faz parte da actividade humana desde as primeiras civilizações. É necessário medir ou pesar os produtos que se compra, vende ou troca, bem como aqueles que se entregam ao rei ou ao templo a título de imposto ou tributo. É necessário medir as distâncias e as superfícies dos terrenos. É necessário definir as medidas dos edifícios que se pretende construir. É necessário definir escalas temporais. A história da metrologia está, como é óbvio, intimamente ligada à própria história da matemática.
A metrologia, em Portugal como no resto da Europa, evoluiu lentamente, desde uma situação de extrema diversidade, na idade média, até à actual uniformidade, resultante da adopção do sistema internacional de unidades. A diversidade metrológica medieval devia-se, naturalmente, à extrema fragmentação do território em diferentes senhorios, bispados, etc., cada um com a sua própria autonomia e percurso histórico. A uniformização era promovida pelos soberanos, não só porque facilitava as trocas comerciais e a cobrança de impostos, mas também pela importância simbólica que tinha submeter-se todo o país à utilização dos padrões de pesos e medidas do rei.
Os vários sistemas de medidas usados em Portugal até ao século XIX cruzam influências romanas, europeias e árabes. Esse cruzamento de influências é óbvio na terminologia metrológica, isto é, os nomes das unidades de medida (Tabela I). As próprias unidades de medida eram, em muitos casos, herança de um passado longínquo.
Tabela I – Origens de alguns termos metrológicos
Origem romana Origem europeia Origem árabe
Medidas lineares Palmo, Côvado Vara, Alna
Medidas de peso Libra, Onça Marco Quintal, Arroba,
Arrátel
Medidas de capacidade Moio, Quarteiro,
Sesteiro, Quinal
Búzio, Quaira, Tonel,
Pipa, Pinta, Puçal,
Choupim
Alqueire, Almude,
Fanega, Cafiz,
Celamim, Cacifo
Até à introdução do sistema métrico decimal, as sucessivas reformas metrológicas não