Pergaminho de lágrimas
Os amantes só se conhecem verdadeiramente na dor e no afastamento...
Quando estão bem, só a alegria parece existir, pois o véu da felicidade cobre seus rostos de pleno júbilo, certezas e sabores de (re)encontro, de perfeição, de ilusão pura...
Mas a hora do véu escorregar não tarda...
Em vez do olhar se deter na alegria costumeira e continuar rindo, perde-se em vazios de (in)consolo, de tristeza infinda, de lágrima quente a bailar , caindo em gotas de dolorida Alma , o Sonho desvanecido, o Amor já perdido e jamais o mesmo, inatingível, frio, distante , rasgado pela insensibilidade do outro que se mostra forte , pelo tentador domínio de uma decisão que aos dois pertence, tornando quem desesperadamente ama num ser perdido, atormentado, que não vê sentido na vida sem aquele amor/desamor, sem a sua fleur fanée, sem aroma já, fenecendo...Triste imagem, sombra morta do que fora em tempos. Esmorece então a cor da rubra orquídea que pálida e murcha se mostra, sem brilho algum, sem brisa que sopre para animar o dia , só ventania arrancando as últimas pétalas que ainda teimavam em deixar-se ficar no renascimento da vida , através do Amor redentor que unifica, embeleza e purifica os corações...Só o lamento permanece, o desalento cresce e também a dúvida da existência, do sofrer em vão, sem qualquer utilidade, em busca de uma verdade tão pouco credível, tornando tudo impossível, destruindo o que restava...
Amor, faço o desmame de Nós, lento mas necessário, dá-me tempo para não ensandecer com a perda, as lágrimas insistem em cair, não adianta tentar afugentá-las ou detê-las , vieram para ficar.
Vida , enseada que desejo amena, mas que tarda em chegar, necessito da brandura , da tepidez, da quase apatia, para esquecer a intensidade de outros dias , a vivência próxima, o amor construído e não castelo de areia ( pensava eu...)
Olho o mar, quase não respiro. Numa vaga quero-te , na outra penso que