Perfume de mulher
Sinopse: Charlie, um jovem estudioso e simples, é contratado para cuidar por um fim-de-semana de Frank, um ex-coronel carismático, depressivo e cego – e acaba viajando para Nova York com ele.
Martin Brest é um diretor irregular. Nos últimos 18 anos, realizou apenas dois filmes: o controverso Encontro Marcado e o massacrado pela crítica Contato de Risco. Sua direção em Perfume de Mulher é discreta – assim como o roteiro, que segue fórmulas tradicionais ao desenvolver uma relação de amizade improvável. Como, então, o longa se tornou um marco do cinema nos anos 90? As respostas são simples: o protagonista Frank e a força da interpretação de Al Pacino.
Perfume de Mulher é um filme basicamente ancorado no carisma de seu protagonista. O Coronel Frank é um personagem fascinante e recheado de ambiguidades – depressivo, mas com momentos de euforia; muito arrogante e seguro, mas com pena de si mesmo; cego, mas com uma percepção muito aguçada de tudo que o cerca. Frank, por um lado, é inegavelmente cativante e generoso. É um apaixonado pelo sexo oposto, sempre elegante com as mulheres – o Coronel tem a peculiaridade de sempre adivinhar-lhes o perfume. Em uma cena memorável, dança tango com uma garota que tinha esse desejo, mas não era acompanhada pelo namorado. É ainda gentil com todos que o servem – além de oferecer-lhes sempre boas gorjetas.
Contudo, Frank também é um homem intimidador e triste. Em sua cena inicial, surge em tela sombrio, iluminado apenas por uma fresta de sol. Reside em um ambiente em tons pastéis – em contraste com a colorida casa de sua sobrinha. Ao longo do filme, é, em vários instantes, violento e desagradável, como em um jantar na casa do irmão. Tal agressividade é, em parte, fruto de um sofrimento profundo por ter perdido a visão – o Coronel chega a dizer que “no