Percepção

O texto se refere a uma entrevista com Hurbert Godard, sobre uma nova abordagem terapêutica que modifica a percepção dos pacientes feito por Lygia Clark.
Terapia esta que trabalha no interior dos sentidos, transformando o olhar “objetivo” em um olhar “subjetivo”. Um olhar que o paciente estabelece na totalidade, não somente o objeto e o sujeito, mas um todo. Logo, podemos notar que o sensorial não precisa ser interpretado ou até mesmo consciente. Este olhar, não está ligado ao tempo, uma memória, ou história do sujeito, nem mesmo um confronto entre o passado e o presente. Como se o mundo se apresentasse da maneira que ele é.
A percepção vai modificar os objetos, a projeção do paciente vai associá-lo sempre da mesma maneira. A Lygia propõe desreificação do olhar, para que seja feito um mergulho interno, para colocar o sensorial em movimento, como forma de modificar o olhar, de mergulhar num olhar subjetivo.
As pessoas, normalmente, sempre se prendem a um mesmo ponto fixo para organizar um conjunto das dinâmicas vetoriais. E a única maneira de mudar isso é ter um olhar antropofágico. Não nomear, objetivar assim que é visto.
Consistindo em apreender algo que vai além desse olhar objetivo, que tem por obrigação estabelecer na perspectiva da neurose do olhar. É algo que é aprendido e que não é absolutamente uma regressão.
A neurose também atua na organização e opera sobre os cruzamentos de sentidos. Trata-se se recolocar esta relação paralisada em algo dinâmico.
Da mesma forma que há a possibilidade de modificar a percepção do olhar, há a possibilidade de modificar a percepção do tato. Lygia cria encontros com o inaudito partindo do material. Com o tato se dá da mesma forma que se dá o olhar. Um tato que objetifica e outro que se dissolve no coletivo. O mesmo tempo que o objeto envia uma “mensagem”, o indivíduo envia uma “mensagem” ao objeto, surgindo assim, o sentido. Depois algo vai se colocar em movimento que vai permitir uma objetividade. Lygia