Pensamento Hermético
A filosofia hermética assume-se como uma das facetas mais importantes do pensamento de Fernando Pessoa. Se é verdade que é na obra poética que se dá a grande realização de Fernando Pessoa, não é menos verdade que a contínua reflexão filosófica e religiosa, é uma faceta igualmente importante que convém revelar.
Em certos poemas de Alexander Search, o heterónimo juvenil, revela-se já o interesse pelo ocultismo.
O ocultismo é precisamente uma das chaves da pluralidade de que ele se reclama.
"Todos os que pensam ocultistamente criam em absoluto todo um sistema do Universo, que fica sendo real. Ainda que se contradigam: há vários sistemas do universo, todos eles reais". (Textos Filosóficos I).
Um dos seus projectos de conto, arquivado no espólio, tem precisamente por título O Filósofo Hermético. Aqui define o oculto "como o interno, a outra face das coisas", e diz ainda que o oculto "significa o que não é presente, o que não é actual... o que já passou, o que virá a ser e também o que é, mas nós não o conhecemos".
A criação literária é para Fernando Pessoa, uma das faces do mistério iniciático. Mistério que se encontra subjacente na Mensagem, na heteronímia, no diálogo entre os vários poetas.
A iniciação única e sempre a mesma, que se encontra no pensamento filosófico, como na actividade literária é a do desdobramento que na criação se verifica desde o primeiro ser. Desdobramento, multiplicação, que depois de assumidos e esgotados permitem a unidade pela transcendência.
Em Essay of Initiation ele identifica transcendência com a fusão de toda a poesia lírica, épica e dramática: "O meu destino pertence a outra lei...", escreve numa carta a Ofélia.
A perfeição, para os gnósticos supõe a androginia, o regresso ao estado de pureza original do Eden.
A energia sexual deve ser canalizada para outros tipos de actividades. No poema Eros e Psique (1934) apontará uma via e uma revelação (com uma epígrafe tirada do Ritual do