Pegadores - Sermão de Sto. António Aos Peixes
O que lhes é criticado por Padre António Vieira é esse mesmo modo de vida oportunista, típico de parasita.
A responsabilidade por este modo de vida “mais astuto que generoso” recai sobre os peixes do alto-mar que tudo aprenderam com os marinheiros portugueses - o orador afirma terem sido os peixes do alto-mar que levaram aos pequenos pegadores estes costumes e afirma também que as águas de onde esses outros peixes vieram são as mesmas águas viajadas pelos portugueses nas suas expedições para a Índia e para o Brasil durante os Descobrimentos; estas expedições estavam carregadas de homens a tirarem proveito dos financiadores, sendo estes governadores ou vice-reis, para poderem sustentar um modo de vida que lhes dava a ilusão de serem estes mesmos governadores e vice-reis, quando na verdade não passam de meros parasitas; e de gente tipicamente interesseira cujo único objetivo era sustentar-se com o trabalho e poder de outros (neste caso tanto superiores, como no caso dos colonos e dos índios, inferiores).
A outra crítica feita é a falta de independência e ignorância que este oportunismo demonstra, pois tal como tiram proveito quando tudo corre bem para os seus hospedeiros, também acarretam com as consequências das ações deles, levando muitas vezes à mortes por fome dos pegadores quando não têm o tubarão para os alimentar.
O tubarão e os pegadores não são mais que uma metáfora para os vícios humanos, então