pedro vaz caminha
Calendário perplexo
,
A poesia está morta mas juro que não fui eu
,
Prosas seguidas de odes mínimas e A meu esmo
, de José Paulo Paes e a obra Matéria de poesia
, de Manoel de Barros. O critério para escolha desses dois poetas e não de outros da vasta lavra daquele período deriva do reconhecimento inicial de sua disparidade, a uma primeira leitura, seguido da intuição de que é precisamente nessa disparidade que se deve buscar o que ambos apresentam de moderno ao leitor.
Poesia na modernidade
A poesia – assim como toda a literatura – participou das transformações operadas no mundo pelo projeto da modernidade, iniciado com o surgimento do capitalismo. Tanto que hoje se pesquisa a possibilidade de que as mudanças profundas no fazer poético tenham sido radicais o suficiente para configurar o surgimento de um novo período estilístico, que vem sendo cogitado como o pós-modernismo.
Há estudiosos que não vacilam em identificar esse novo estilo de época na poesia, apressando-se em alinhavar para ele um conjunto de características que corresponderiam a procedimentos estéticos originários de um novo modo de se relacionar com o mundo: a visão fragmentária, a quebra da discursividade, a transcendência frustrada
(ou vazia). Há no discurso poético vestí
45
características já se manifestavam nas artes no final do século XIX e ao longo de todo o século XX, podendo ser, portanto, encaradas como experiências de radicalização das transformações colocadas em movimento pelo projeto da modernidade. Conforme a periodização literária tradicional, o Modernismo surge nas artes no início do século
XX, no bojo de um processo de tensa alternância entre tradição e ruptura, que culminou na