Analise da carta de pedro vaz caminha

A “Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei D. Manuel”, deve ser considerada uma autêntica certidão de nascimento do Brasil, porque além de Caminha ser escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral tendo o dever de noticiar exatamente o achamento da nova terra a D. Manuel, também foi o primeiro documento sobre o Brasil conhecido até o momento em caráter descritivo.
A carta tinha a intenção de informar a metrópole sobre as condições de vida na colônia, descrevendo a terra, os habitantes, apontando as possibilidades de exploração. Logo, essa produção tinha uma utilidade prática: descrever e catalogar a terra e o povo que nela habitava como podemos observar no fragmento de Massaud Moisés na obra “A Literatura Brasileira Através dos Textos”.
“O principal intuito, por conseguinte, resumia-se em ser fiel à verdade observada, para que o relato desse conta exata da gente e da terra descobertas. E tal imperativo realizou-o cabalmente, a ponto de transformar a Carta numa espécie de diário de viagem, com toda a pormenorização que lhe é peculiar. ” (p.18)
Na primeira parte de sua carta Caminha faz uma crônica da viagem, desde a partida de Portugal até o momento em que, descoberta a nova terra, constatou-se nela a presença de indígenas, já neste documento o escrivão português começou a relatar a imagem Brasil como território paradisíaco, incomparavelmente belo e demonstrou grande interesse em descrever os nativos.
“A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto (...)
Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que verdadeiramente de leve, de boa grandeza e, todavia, raspado por cima das orelhas.” (Carta de Pero Vaz de Caminha)
Note que os parâmetros que Caminha usa para avaliar a “nova gente” são sempre padrões europeus, nada adequados, portanto, à