Pedagogia
Silvana de Oliveira Augusto
A presença de crianças tão pequenas na educação infantil ainda parece estranha e mal compreendida por muitos professores. Ainda é forte a crença de que o desenvolvi¬mento do bebê é orgânico, natural, portan¬to, basta assisti-lo em suas necessidades bá¬sicas para que se desenvolva plenamente e, então, já amadurecido, possa aprender. Algo semelhante ocorre também no atendimen¬to das crianças de 3 a 5 anos que, muitas vezes, não encontram nas oportunidades oferecidas pelas instituições educativas as condições adequadas à experiência de cres¬cer a aprender em grupo.
Essa realidade vai na contramão do que apontam as pesquisas (Rossetti-Ferreira, Amorim & Oliveira, 2009; Oliveira, 2011), que têm mostrado a especificidade do desenvol¬vimento e da aprendizagem nessa fase da vida e, consequentemente, a necessidade de planejar e acompanhar o trabalho pedagógi¬co desde a Educação Infantil.
Nesse contexto em que se reconhece a ne¬cessidade de um olhar específico para as crianças e uma maior profissionalização do trabalho pedagógico com a faixa etária, exi¬gir que a Educação Infantil assegure o tem-po para a experiência e o lugar de aprender não é pouco. Muitas lutas pelo direito das crianças no Brasil tiveram que ser travadas para que hoje se pudesse pensar a Educação Infantil de outra maneira que não somen¬te lugar de guarda de crianças. É uma luta pelo direito de frequentar uma instituição voltada para as suas necessidades e rece¬ber educação de qualidade desde cedo. Para compreender o papel da Educação Infantil na formação de uma criança, é relevante pensar sobre o que pode significar “ter ex¬periências” na Educação Infantil. De que ex¬periência estamos falando?
Em nossa língua, essa palavra pode adquirir muitos sentidos. No dia a dia, recorremos à experiência para resolver problemas prá¬ticos, dos mais simples aos mais comple¬xos. Em situações menos práticas, em que é preciso contornar