Pedagogia empresarial
Priscila Graniso e Eliane Machado O objetivo deste artigo é comentar certos aspectos ligados ao estudo da chamada literatura infantil, particularmente o que diz respeito às entre linhas dos textos. Se considerarmos que a origem da literatura infantil está necessariamente ligada ao surgimento da escola burguesa, portanto aos livros didáticos, teremos um tipo de literatura para crianças. Se, ao contrário, partirmos do pressuposto de que a literatura infantil é fundamentalmente ligada, tanto no conteúdo como no formato, às manifestações da tradição popular, teremos outra literatura, mais rica, complexa e humana.
1. O “universo infantil”
O “para crianças” nos leva de imediato à questão das divisões de pessoas em faixas etárias. Preciso apenas dizer que tal divisão é apresentada como natural, embora seja cultural. Foi criada, como sabemos, para facilitar a organização escolar e, mais tarde, reforçada por razões econômicas e comerciais, afinal permite determinar fatias de mercado. Essa divisão mecânica de pessoas em faixas de idade supõe a existência de linguagens indicadas para essa ou aquela faixa de idade, melhor explicando, existem linguagens mais públicas e linguagens menos públicas. Naturalmente, não se trata de uma literatura “para adultos” pois ela é inacessível à grande maioria deles. Mas sim, de uma literatura elitista, exclusivista, rebuscada, criada para ser analisada e interpretada por poucos leitores, altamente especializados. De outro lado, temos uma literatura popular. Porque primeiro aborda temas humanos amplos da vida concreta, passíveis de gerar identificação e compreensão imediata na maioria das pessoas; e segundo, utiliza linguagem pública, clara, direta e acessível. Na literatura popular, ao que parece, os assuntos tendem a ser abordados através de um ponto de vista geral que privilegia as angústias e