Paran Ia Atualizado
Contrariamente às estatísticas anteriores que chegavam a atribuir, em asilos da Europa, 70 a 80% à paranoia (Weygandt), ou às do Nosso Hospício Nacional de Alienados, em cujos relatórios se acham sempre mais de 25% de tais doentes, desgarro provindo de se chamar assim a todas as doenças mentais em que as delusões existem – a paranoia é uma doença rara, concorrendo com 2 a 4% (Kraepelin) para a população dos asilos. O número que encontramos, 2,5%, está incluído nesta avaliação. Deve-se, porém, dizer que a maior parte dos paranoicos escapa aos hospícios, ou porque se não tornem incompatíveis com o meio pela acuidade de suas concepções, ou porque sua orientação na vida tome rumo que isso evita, o fato é que com eles nos encontramos frequentemente, dos casos frustros àqueles ainda equilibrados, que são chamados de excêntricos, vaidosos, originais, etc. As mulheres são evidentemente mais poupadas pela doença; isto talvez obedeça a circunstâncias de valor que restringe no momento sua vida social; voltaremos ao caso. A doença irrompe na idade adulta: o termo de 24 a 40 anos, é exato; aliás é o período intenso de luta entre a personalidade e o meio, e, segundo o nosso modo de ver, raríssimo será que conflitos, antes do momento do combate ou depois da capitulação, venham a ser a causa ocasional da enfermidade.
No tocante à causa da paranoia há uma tendência geral para incriminar a degeneração – esse mal feito da herança próxima, ou mesmo, mais recuada, do atavismo.
Esta doutrina de degeneração, desde que se apresentou a Morel e veio nos tempos recentes a se assenhorar da psiquiatria, não encontrou ainda senão submissões irrefletidas, que se vão sucessivamente imitando, porque é mais fácil pensar com os outros do que observar consigo mesmo. Longe de nós, seja dito logo, negar-lhe a verdade incontestável: ela existe, ela é profunda,a ela se deve grande parte de nossas misérias. Mas não é menos verdade que muito se tem abusado de sua fama, exagerando capitalmente