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Imagine um planeta pequeno e rochoso, apenas um pouco maior do que a Terra, só que muito mais próximo do Sol, com temperaturas infernais, de até 2,8 mil °C, e um período orbital (tempo que o planeta leva para completar uma volta em torno da estrela) rapidíssimo, de apenas 8,5 horas, em vez dos 365 dias que tem o ano terrestre. Assim é o exoplaneta, Kepler-78b o mais parecido com a Terra identificado até agora, segundo dois estudos publicados hoje na revista Nature.
A descoberta do planeta, a 664 anos-luz do nosso sistema solar, foi publicada em agosto, no periódico The Astrophysical Journal, e já se sabia que ele tinha um tamanho (diâmetro) parecido com o da Terra, mas faltava calcular sua massa e densidade, para determinar sua composição e saber se ele era, também, um planeta rochoso como a Terra. Foi o que fizeram agora dois grupos de pesquisadores, utilizando instrumentos diferentes, em observatórios diferentes (um no Havaí e outro, nas Ilhas Canárias), e chegando independentemente à mesma conclusão: que o Kepler-78b é o planeta mais parecido com a Terra já identificado entre os mais de 1 mil exoplanetas descobertos ao redor de outras estrelas nos últimos 20 anos.
Os resultados numéricos variam um pouco entre os dois grupos, mas são bem parecidos. As medições indicam que o Kepler-78b (assim chamado porque foi descoberto por meio de observações do telescópio espacial Kepler feito de ferro e rocha, com uma composição e densidade basicamente idênticas à da Terra, de 5,5 gramas por centímetro cúbico. Ele é apenas 20% maior, em diâmetro, apesar de ter uma massa 70% a 80% maior do que a da Terra.
A diferença crucial é a distância que o Kepler-78b está de sua estrela (a Kepler-78, que também é bem parecida com o Sol, apenas um pouco menor): 1,5 milhão de quilômetros, cem vezes menor do que a distância entre o Sol e a Terra. Tão próximo que, se houvesse alguém com um calendário na superfície dele, o ano “kepleriano”