Pantaleao
O. Pantaleão
1. Aspectos introdutórios. “O século XIX, sobretudo em sua primeira metade foi, no Brasil, o século inglês por excelência”. Esta frase de Pantaleão indica de início a prevalência inglesa no ambiente brasileiro entre o fim do período colonial e o início do Império politicamente autônomo: a influência sobre a vida material é indiscutível, com os ingleses atuando como principais abastecedores do mercado nacional e provedores de capitais; em outro ramo da esfera social, encontramos a Inglaterra ditando os principais preceitos intelectuais e influenciando largamente a condução da vida política; ressalte-se, por fim, a grande penetração do “modo de vida” inglês em terras tropicais brasileiras: à época, por exemplo, invadem as estreitas ruas brasileiras as carruagens inglesas e as boticas são abarrotadas com remédios tipicamente ingleses.
2. Guerras Napoleônicas e a Posição Portuguesa. Este estreitamento dos laços anglo-brasileiros pode ser explicado apenas quando se considera a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil. Decretado por Napoleão em novembro de 1806, o bloqueio continental transformava-se de uma estratégia econômica em uma arma militar: o objetivo precípuo era o enfraquecimento de tal grau da economia inglesa que esta nação já não pudesse sustentar os esforços bélicos. Nas palavras do próprio Napoleão, tratava-se de “conquistar o mar pela potência da terra”. Até 1807, porém, o bloqueio não obtivera grandes resultados; é apenas com a adesão russa que seu objetivo é solidificado. Agora, surgia aos franceses a necessidade de estender à Europa como um todo os preceitos do bloqueio. Portugal encontrava-se, assim, diante de uma situação extremamente incômoda: aliada de longa data dos ingleses e tendo com eles sua principal base comercial, receberia em 1807 um primeiro ultimato francês. Sua posição tornar-se-ia ainda mais complicada com a aliança franco-espanhola no mesmo ano. Como Portugal certamente não