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O chamado “século de Péricles” foi o período de trinta e seis anos, de 440 a 404 a.C., em que o governo democrático ateniense estava em sua plenitude, período também em que ocorreu a Guerra do Peloponeso, iniciando em 431 e terminando em 404 a.C.. A expressão tem como objetivo salientar o período em que se consolidaram novas tendências, que iria prosseguir nos próximos séculos até o domínio da Grécia, e também de que Péricles levou a cultura de Atenas ao seu momento de maior esplendor.
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Para Jean-Pierre Vernant, a tragédia, como gênero poético e como origem do teatro, é uma instituiçao social de cunho democrático. “Instituição, em primeiro lugar, porque as tragédias são escritas e representadas durante as festas cívicas de Atenas; em segundo, porque o coro é formado por um colégio de cidadãos; em terceiro, porque a cidade paga e financia a escrita e a apresentação das peças; em quarto lugar e sobretudo, porque a tragédia é uma reflexão que a cidade faz sobre o nascimento da democracia.”
A tragédia mostra personagens do mundo aristocrático em conjunto com um coro de cidadãos, que representam o passado aristocrático e o presente democrático, respectivamente.
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As ações que se seguem no palco são uma sequencia de crimes sangrentos, que continuam como vingança de um crime anterior. “Ora, esse novo crime, por sua vez, exige reparação por meio de um novo crime sangrento e a sequência dos crimes sangrentos é interminável, revelando que a lei de uma sociedade aristocrática é a vingança sem fim”.
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“A tragédia, além de narrar a diferença entre o passado e o presente, também narra os conflitos entre as leis não escritas do costume (o passado familiar, legislado pelos deuses) e as leis escritas da cidade (o presente democrático, legislado pelos homens). Numa linguaguem contemporânea, diríamos que a tragédia expõe