paganismo e bruxaria
Vanessa Lara Mendes
APRESENTAÇÃO
EMAS RELACIONADOS à bruxaria, ao culto ao Demônio e às excruciantes consequências que aguardavam os acusados de tais práticas despertam uma mórbida fascinação e curiosidade, levando ao interesse de tentar entender melhor alguns aspectos da vida cotidiana da população da Idade Média. Focar nossos estudos, no entanto, apenas à esse período seria limitante; uma análise mais profunda e completa precisaria usar como base um recorte histórico que abrangesse mais alguns séculos após o fim do século XV.
A caça às bruxas teve intensidade maior nos séculos XVI à XVIII (embora a Inquisição agisse desde o século XIII), com severas punições aos hereges, como enforcamentos e mortes pela fogueira. A maioria das acusações eram feitas contra mulheres. Por serem descendentes diretas de Eva, estas seriam mais propensas ao pecado e sua curiosidade as aproximaria da heresia. Esta afirmação misógina foi o cerne de inúmeras acusações que encaminharam muitas mulheres à fogueira do ódio e intolerância. Pobres, velhas e feias, pela sua decrepitude, já teriam motivos para serem consideradas bruxas.
Todavia, ser velho, jovem, pobre, rico, homem ou mulher é irrelevante no final, pois a Dança da Morte não poupa nenhuma alma.
O PAGANISMO E A REPRESENTAÇÃO DA MORTE
A ANTIGUIDADE, o culto a diferentes divindades era uma prática comum que estabelecia elos entre a espiritualidade e o entorno, onde a ligação entre o homem e a natureza constituía uma relação de respeito mútuo. Na mitologia greco-latina, os deuses tinham fraquezas humanas e, em alguns casos, tinham relações carnais com humanos. A personagem da bruxa no imaginário ocidental já era presente, como no exemplo da deusa Hécate relacionada com as vertentes obscuras da magia na Grécia Antiga.
Com a ascensão do Cristianismo, as crenças pagãs foram consideradas heréticas e seus devotos,