Capítulo III O psicólogo e a ação com o adolescente Monalisa Nascimento dos Santos Barros Existem inúmeros psicólogos atuando com adolescentes na rede pública de saúde do país. Entretanto, até o momento, não há uma normatização ou organização comum ao funcionamento e às possibilidades dessa assistência. Romano, em 1999, avaliando os dez anos de inserção do psicólogo na rede hospitalar, afirmou que “a instituição continua com interesse no psicólogo, mas ainda não sabe o que pedir, o psicólogo não sabe o que oferecer” (p. 19). O psicólogo é um profissional de saúde, mais especificamente, de saúde mental, independente do âmbito de sua ação. Entendido que a noção de saúde mental se destina à otimização da qualidade de vida das pessoas, através da consideração dos fatores emocionais que agem contra ou a favor do seu bem estar psíquico e, portanto, da sua vida como um todo. A influência dos fatores psicológicos, sociais e culturais nas doenças, no adoecer e nos conflitos é cada vez mais evidente e aceita pelos diversos profissionais de saúde e pela comunidade. O próprio conceito de saúde vem sendo reformulado, pois ser pessoa não é simplesmente ter saúde, mas é saber enfrentar saudavelmente a doença e a saúde. O conceito de saúde proposto pela OMS como “um estado de bem estar total, corporal, espiritual e social e não apenas a inexistência de doença ou fraqueza” é praticamente inalcançável. Dificilmente alguém pode se considerar nesse estado de bem-estar total. Preferimos o conceito que Leonardo Boff (1999) nos apresenta em seu livro “Saber Cuidar”. “Saúde não é a ausência de danos. Saúde é a força de viver com esses danos. Saúde é acolher, amar a vida assim como ela se apresenta, alegre e trabalhosa, saudável e doentia, limitada e aberta ao ilimitado que virá além da morte. O que significa cuidar do corpo” (p. 29). Alguns chamam a isso resiliência, que é a capacidade de manter-se saudável em condições desfavoráveis. O psicólogo que atua na rede de saúde pública precisa