Padre António Vieira
António Vieira nasceu em Lisboa a 6 de fevereiro de 1608 num lar humilde, na Rua do Cónego, perto da Sé, em Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta e faleceu em Salvador (Bahia, Brasil) a 18 de julho de 1697, foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.
Foi uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu infatigavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
Na literatura, os seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem sua leitura.
Sermão de Santo António aos Peixes
O Sermão de Santo António aos Peixes foi proferido na cidade de São Luís do Maranhão em 1654, na sequência de uma disputa com os colonos portugueses no Brasil.
O Sermão de Santo António aos Peixes constitui um documento da surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Padre, que toma vários peixes (o roncador, o pegador, o voador e o polvo) como símbolos dos vícios daqueles colonos.
Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão pretende louvar algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade os vícios dos colonos. Este sermão foi pregado três dias antes de Padre António Vieira embarcar ocultamente para Portugal, para obter uma legislação justa