Padre antónio vieira
"Nem português, nem brasileiro; Vieira era inteiramente jesuíta." Padre António Vieira foi um notável prosador e o mais conhecido orador religioso português. Nasceu em 1608, em Lisboa, e faleceu na Baía, em 1697. Aos seis anos vai para o Brasil com os pais e fixa-se na Baía. Ordena-se sacerdote em 1635, exerce as funções de pregador nas aldeias baianas e começa a tornar-se um pregador, sendo que, nos seus primeiros sermões se reflectem as suas preocupações sócio-políticas, enquanto a colónia da Baía era invadida pelos holandeses. Em 1641, regressa a Portugal e, posteriormente, em 1646, inicia missões diplomáticas pela Europa. Alguns anos depois, em 1653, volta ao Brasil, para o estado de Maranhão, depois de se envolver em questões relacionadas com a Companhia de Jesus. Aí toma um papel fundamental e activo nos conflitos entre jesuítas e colonos, defendendo os direitos humanos, a propósito da exploração dos indígenas. No ano seguinte prega o "Sermão de Santo António aos Peixes", este louva algumas virtudes humanas e, principalmente, censura com severidade os vícios dos colonos. É expulso do Maranhão pelos colonos, em 1661, e regressa a Lisboa. Em 1665 é preso em Coimbra pelo Tribunal do Santo Ofício sob a acusação de acreditar nas profecias do poeta Bandarra. Três anos depois é perdoado e retoma as pregações em Lisboa. Em 1669 parte para Roma e obtém grande sucesso como pregador, combatendo o Tribunal do Santo Ofício, e combate os métodos da Inquisição em Portugal; defende novamente os cristãos novos. Regressa a Portugal em 1675 e recebe a isenção da Inquisição pelo Papa. Agora sem apoios políticos e desiludido pela perseguição aos cristãos-novos (que tanto defendera), retira-se de vez para a Baía em 1681 onde se entrega ao trabalho de compor e editar os seus Sermões. A sua prosa é vista como um modelo de estilo vigoroso e lógico, onde a construção frásica ultrapassa o mero virtuosismo barroco. A sua riqueza e propriedade verbais, os