Osteorradionecrose
A osteorradionecrose (ORN) dos maxilares é uma das mais temidas e debilitantes complicações orais tardias da radioterapia para neoplasias da cabeça e pescoço. Nos estudos mais recentes, a sua frequência varia entre 3% a 15%. Consiste numa necrose óssea isquêmica induzida pela radiação, em que o tecido ósseo perde a dinâmica de regeneração e remodelação. A mucosa de revestimento adjacente acaba por necrosar facilitando secundariamente a infecção dos tecidos afectados. Pode ter consequências graves que variam desde dor severa, osteomielites secundárias, fístulas intra e extra-orais, alterações mastigatórias e fonéticas a fracturas patológicas, infecções sistémicas, que levam a uma diminuição da qualidade de vida do doente (MONTEIRO, BARREIRA, MEDEIROS, 2005). Até meados da década de oitenta, a osteorradionecrose era caracterizada por uma tríade de radiação, trauma e infecção, enfatizando de maneira errônea e excessiva o papel de agentes microbianos na patogênese da osteorradionecrose. A partir da definição proposta por Robert Marx em 1983, a patogênese da osteorradionecrose ficou definida por uma seqüência de radiação, formação de um tecido hipovascularhipocelular- hipóxico, com o conseqüente rompimento da barreira de mucosa bucal (de maneira espontânea ou traumática), resultando em um processo não cicatrizante. Essa definição modificou de maneira acentuada o tratamento e a prevenção da osteorradionecrose (CURI, M. M., KOWALSKI, L.P., 2003). O termo osteorradionecrose foi primeiramente descrito por Regaud, em 1922, mas foi Ewing, em 1926, que denominou as alterações ósseas após a irradiação, chamando de “osteíte de radiação”. Além dessa nomenclatura, outros termos como necrose óssea avascular e necrose por irradiação também são usados para denominar a osteoradionecrose (FERREIRA, ALDUNATE, COLTRO, BUSNARDO, CONDUTA, 2010). A exata definição de osteorradionecrose ainda não é um consenso, o que muitas vezes é um fator que complica seu