Os usos sociais da linguagem Osvaldo JA A nior
REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS SOCIAIS
DE LETRAMENTO1
Osvaldo Barreto Oliveira Júnior (IF Baiano, UFAC) osvaldobojr@yahoo.com.br 1.
Considerações iniciais
Na década de 1980, as pesquisas nas áreas da linguística aplicada e da educação priorizaram as investigações sobre os aspectos sociais que interferiam/determinavam os processos de aquisição e desenvolvimento da língua oral e escrita. Nesse contexto, surge o conceito de letramento, que amplia a compreensão a respeito do desenvolvimento das tecnologias do ler e escrever, ao focalizar as práticas sociais de linguagem concretizadas pelos sujeitos para fins de interação social.
Adotado como tradução de literacy, o termo letramento passou a designar tanto o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita quanto à utilização destas em práticas de interação verbal, destacando o aspecto social da aprendizagem da língua. Dessa forma, os estudiosos da linguística aplicada e da educação colocaram, no centro de suas discussões, a indissociabilidade entre linguagem e sociedade. Assim, os estudos sobre letramento abarcaram as novas abordagens dos estudos linguísticos – impulsionadas pelas ideias de Mikhail Bakhtin (1992) – que passaram a enfocar as funções sociocomunicativas da linguagem humana. Nesse paradigma, letramento envolve também as apropriações da leitura e da escrita realizadas à margem da escola, superando os modelos tradicionais de domínio da língua escrita que eram vislumbrados pelas instituições de ensino.
Este artigo sintetiza algumas das discussões sobre letramento escolar, letramento social e práticas sociais de letramento presentes em minha dissertação de mestrado, intitulada “Práticas de oralidade, leitura e escrita no comércio popular do centro da cidade de Rio Branco-AC”, que foi orientada pela professora Dra. Luciana Marino do Nascimento e defendida em 31 de agosto de 2009, no curso de Mestrado em Letras: Linguagem e Identidade, da Universidade
Federal do Acre.
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