Os tres porquinhos
Nas relações humanas, no entanto, o progresso ao longo dos séculos não tem sido linear. Ao contrário, há claros períodos de retrocesso econômico e das liberdades essenciais – a Atenas de Péricles (450AC) foi mais avançada em vários quesitos do que as sociedades europeias do princípio da Idade Média (500DC), mil anos depois. O mesmo vale para o século XIX, no qual várias sociedades apresentaram mais paz, bem-estar e liberdade do que durante o século XX3. A despeito de o século XX ter trazido inúmeras conquistas tecnológicas, as relações humanas deterioraram-se substancialmente – basta relembrar, entre outros atentados às liberdades individuais, as 60 milhões de mortes resultantes das duas guerras mundiais, os 40 milhões de indivíduos assassinados na
China maoísta, os 20 milhões assassinados na Rússia stalinista, e outras dezenas de milhões, principalmente em locais onde o socialismo e a coletivização foram mais profundos. Por que ocorreram esses retrocessos?
Thomas Jefferson corretamente dizia que o preço da liberdade é a eterna vigilância. Mas são pré-condições para a vigilância o conhecimento sobre a liberdade e um modo de pensar independente, com contínuo questionamento. A milenar guerra ideológica entre a tirania e a liberdade tem sido parcialmente ganha pelos tiranos, em particular devido à associação entre o rei ou o estado4 aos intelectuais “chapa-branca”.
Ao passo que os pseudointelectuais justificam o “direito” do estado sobre a população, em troca ganham privilégios como espaço de mídia, poder e dinheiro (do) público. Aqueles que não têm preparo para questionar tendem a se tornar presas dessa opressão ideológica, que começa geralmente na infância. E, finalmente, abrem mão voluntariamente de sua liberdade, dando poder e permanecendo subservientes aos seus senhores e mestres: o estado.5 A obediência destes viabiliza a tirania contra todos, diminuindo o