Os Tres Ensaios
Os três ensaios não esta voltado para o desejo ou o fantasma e não encontramos nele nenhuma referência ao Édipo. Não é do desejo - que precisa realizar-se – que ele fala, mas da pulsão – que necessita satisfazer – se. Mas, como o próprio título indica, não é da pulsão em geral que Freud fala nos Três ensaios e sim da pulsão sexual em particular.
Um dos pressupostos que sustentaram a teoria e a terapia da histeria no período que corresponde aos Estudos sobre a histeria é o trauma psíquico e seu conteúdo sexual. O que a teoria do trauma sustentava é que neurótico, em sua infância, teria sido vítima de uma sedução sexual real e que esse fato, pelo seu caráter traumático, teria sido recalcado e se transformado em núcleo patogênico cuja renovação só seria obtida com a ab- reação e a elaboração psíquica da experiência traumática. Essa teoria, tal como foi concebida inicialmente, trazia implícito um problema cuja solução implicava um desdobramento da ação traumática.
Freud desdobra a ação traumática em dois momentos, sendo que o segundo momento é o que confere um caráter traumático ao primeiro. No primeiro momento haveria apenas a cena na qual a criança sofreria a sedução sexual, sem que ela percebesse, porém, o caráter sexual do acontecimento e sem que se produzisse nela qualquer excitação de natureza sexual. O segundo momento ocorreria a partir da puberdade, quando a sexualidade já tivesse surgido, e uma outra cena que não necessitaria ser de natureza sexual evocaria a primeira por um traço associativo tornando patogênica a sua lembrança.
É verdade que Freud ainda na dispunha ainda do conceito de inconsciente e que a ideia de uma sexualidade infantil estava apenas suspeita. O conceito de inconsciente é produzido, como vimos, em A interpretação de sonho e a sexualidade