Os sertões
Os Sertões dá início ao que se chama de Pré-Modernismo na literatura brasileira, revelando, às vezes com crueldade e certo pessimismo, o contraste cultural nos dois "Brasis": o do sertão e o do litoral. Euclides da Cunha critica o nacionalismo exacerbado da população litorânea que, não enxergando a realidade daquela sociedade mestiça, produzida pelo deserto, agiu às cegas e ferozmente, cometendo um crime contra si própria; o que é o grande tema de Os Sertões. Em tom crítico, também mostra o que séculos de atraso e miséria, em uma região separada geográfica e temporalmente do resto do país, são capazes de produzir: um líder fanático e o delírio coletivo de uma população conformada.
OS SERTOES
A obra os Sertões é reconhecida pelo seu valor crítico, documental e literário. Conta história da revolta de canudos no interior baiano, a saga da resistência dos sertanejos liderados por Antônio Conselheiro. Figura carismática e impressionante que aglutinou em torno de si uma multidão de sertanejos miseráveis, sedentos de esperança e de melhores condições de vida. A realidade do sertão é mostrada com rara fidelidade; populações assoladas pela miséria e pelo desamparo oficial. Os Sertões divide-se em três partes: a terra, o homem e a luta. Na primeira o autor apresenta pormenorizadamente os aspectos físicos e geográficos do sertão da Bahia. Na segunda parte, ele estuda e analisa o tipo humano, o sertanejo e sua formação racial, mostra que a mestiçagem, a mistura de raças foi prejudicial ao sertanejo, pois seria ele diferente, incapaz para a civilização moderna em função da mestiçagem e do isolamento ao qual foi submetido. Mas apesar do atraso mental e intectual, o sertanejo é mostrado como um titã, que criou resistência e bravura ante a adversidade e a vida dura que sempre levou. As vicissitudes do meio intensificaram a sua crença religiosa e sua consciência mágica do mundo. Antônio Conselheiro é uma espécie de líder espiritual dos sertanejos. Seguido por uma