Os nós que nos compoem
O texto tem como base empírica a experiência da autora com procedimentos de “histórias de vida” em grupos na Suíça, Portugal e Québec, constituídos, em sua maioria, de adultos entre 30 e 45 anos com atuação profissional nas áreas da educação, serviço social e saúde. Estes procedimentos envolvem atividades individuais e em grupo de reconstrução oral e escrita da história da formação de cada participante, bem como análises dos relatos, confronto de visões e sensibilidades, e, ao final, comparação entre tais relatos e suas épocas, gêneros, contextos culturais e sociais.
O primeiro elemento que dá sustentação a metáfora de nós como elementos de ligação, na visão da autora, é a ligação entre o participante e os demais membros do grupo, estabelecendo limites de confiança para a socialização de seus relatos de vida. Concomitante a este processo, há uma contínua negociação do narrador consigo mesmo, permanentemente estabelecendo os limites do que ele irá partilhar com o grupo de sua história pessoal.
Aqui a metáfora encontra sua primeira expressão direta de um nó de atracação, o nó de cabestan (do francês noeud de cabestan, conhecido em Português como volta fiel) descrito como um elo particular do participante consigo mesmo, estabelecendo um ponto de referência na viagem de revisitar o passado. Um nó de atracação é um nó que prende o barco, sendo seguro a ponto de suportar tempestades, mas ao mesmo tempo fácil de desatar, e é assim visto, pela autora, este ponto de partida para a