Os Maias
1. O jantar no Hotel Central (capítulo VI)
Este evento, ainda que de intenção satírica social, permitiu a Carlos a primeira visão de Maria Eduarda e o contacto com o meio social lisboeta e as suas principais figuras.
Foi realizado com o objectivo de homenagear Cohen a fim de facilitar os amores adúlteros de Ega e de Raquel Cohen. Este jantar é a perfeita radiografia de Lisboa no que toca à literatura, à finança e à política.
Relativamente à literatura, a discussão literária entre Alencar e Ega permitiu opor dois tipos de literatura, nomeadamente uma mais tradicional, de carácter (ultra)romântico, e outra mais recente, defensora do Realismo e Naturalismo.
As finanças são discutidas de forma banal, revelando uma falta de responsabilidade dos intervenientes, e uma enorme subserviência por parte de Ega e Alencar que hipocritamente acabam por concordar com o banqueiro Cohen por motivos pessoais.
A política surge também como um tema tratado de forma superficial, apresentando-se até sugestões pouco sérias para salvar o país, tais como a invasão espanhola. A discussão sobre a invasão do país acaba de modo humorístico, pois a celebração com champanhe torna-se mais importante para estes elementos da alta burguesia.
Através desta reunião social, Eça retrata-nos o esforço da cidade de Lisboa para ser civilizada, mas que não resiste e acaba por mostrar a sua falta de civilização. Esta tentativa (falhada) evidencia-se no modo paradoxal como se apresenta o lado exterior do acontecimento (decoração, ementas francesas, indumentária, etc.) e o interior que corresponde ao comportamento dos intervenientes. De realçar que a posição de Carlos da Maia e de Craft prima pela distanciação destes conflitos, o que denuncia uma educação totalmente diferente da dos protagonistas das cenas descritas.
2. As corridas de cavalos - o hipódromo (capítulo X)
Este episódio dá uma visão panorâmica sobre a alta sociedade lisboeta onde dominam a monotonia, a