Os maias
Capítulo I
O romance inicia-se com a referência à instalação da família Maia (apenas composta pelo Avô Afonso e pelo neto Carlos) na Ramalhete, no Outono de 1875. Este palacete, durante longos anos desabitado, estivera para se transformar na Nunciatura, em 1858, quando monsenhor Bucarini o visitou. No entanto, a quantia exorbitante pedida por Vilaça, procurador da família Maia, fez o representante do Vaticano desistir da ideia. E o Ramalhete continuou a se um “inútil pardieiro”, apenas servindo para arrecadação dos moveis e louças provenientes de outro palacete da familia, o de Benfica, que já fora vendido. Os Maias, “uma antiga família da Beira”, viviam, há já algum tempo, na Quinta de Santa Olávia, no Douro e, ao decidirem voltar para Lisboa, encarregam Vilaça de restaurar o Ramalhete, a contragosto do procurador que refere “uma lenda segundo a qual eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete”. As obras de restauro e a decoração são supervisionadas por Carlos que, depois do processo de renovação concluído e já formado em medicina, parte para uma viagem de um ano pela Europa. Afonso que fazia lembra, segundo seu neto, “um varão esforçado das idades heróicas” instala-se no Ramalhete e espera que Carlos regresse. Inicia-se então uma analepse que evoca o passado de Afonso da Maia: fora um jovem apoiante do Liberalismo, ao contrário de seu pai, Caetano, um absolutista. Por esta razão Afonso foi expulso de casa, mas, por influencia da sua mãe, foi-lhe oferecida a Quinta de Santa Olávia. Alguns anos depois, Afonso parte para Inglaterra, onde está algum tempo, mas de onde regressa devido à morte do seu pai. É então que conhece a mulher com quem casará, D. Maria Eduarda de Runa, de quem tem um filho e com quem parte para o exilio, em Inglaterra. D. Maria Eduarda, mulher de saúde frágil e excessivamente católica devota, não se habitua à falta de sol nem ao protestantismo ingleses. Não consentindo que seu filho