Os Lusíadas

OS LUSÍADAS E O DISCURSO IDEOLÓGICO DA EXPANSÃO
De Maria do Perpétuo Socorro

De grande importância para o entendimento d’Os Lusíadas, de Camões, foi a leitura do texto “O Lusíadas e o discurso ideológico da expansão”, de Maria do Perpétuo Socorro. Alguns aspectos relevantes à leitura da obra são apresentados de forma clara e concisa, como veremos a seguir.
Faz-se, de início, um paralelo entre a Odisséia e Os Lusíadas traçando algo em comum, serem ambas as narrativas epopéias de viagem, para, logo em seguida, traçar suas diferenças que são a importância da volta, na Odisséia e, em contraposição, a importância da ida, nOs Lusíadas. Defende-se, então, que na Odisséia a volta representa a morte da mesma, já que seu tema gira em torno das narrativas que formam-na, no entanto esta chega “(...) em Os Lusíadas é seu ponto culminante, onde se encontram mito e realidade e os heróis se tornam deuses na ilha dos amores”. Em seguida, para finalizar esta comparação, a autora aborda o que torna-se uns dos temas principais do seu trabalho: os espaços existente na narrativa camoniana, e este, segundo a mesma, “é uma categoria ideológica que Camões transforma em categoria estética, dando-lhe unidade estrutural, através do projeto ideológico de Expansão”. Esta ideologia expansionista era a possibilidade sólida para uma outra ideologia, a humanista. Temos em Portugal uma nobreza que vai contra os ideais humanistas, por esses criticarem justamente esta parcela da população, mas é ela quem financia a expansão. A ideologia da expansão, para os portugueses, diz respeito ao nunca navegado, ou seja, Camões utiliza o espaço transformando a ideologia do povo português “em ideologia renascentista e humanista de superação da condição humana”. Portanto percebemos que não há como separar as duas ideologias, visto que ambas constituem um ideal só, na narrativa camoniana.
Maria do Perpétuo Socorro nos apresenta, de forma magistral – foi deveras um dos melhores parágrafos, a unidade espacial