OS KRAMER E O MELHOR INTERESSE DO MENOR
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OS KRAMER E O MELHOR INTERESSE DO MENOROs anos eram os setenta. O final dos setenta, para ser mais exato. Lá fora a queda de Reza Pahlavi e ascensão de Komeini indicavam um recrudescimento no fundamentalismo religioso e um freio nos ares de liberdade, que começavam a soprar no Oriente. O preço do petróleo subia como resposta dos árabes e muçulmanos da OTAN ao constante apoio dos EUA a Israel e isto permitia que a União Soviética gozasse de um certo conforto, pois detinha-o em abundância, o que ainda lhe permitia espalhar o ideal comunista mundo afora. A reboque de tais ideais, uma nova ordem social começava a se formar.
No Brasil a ditadura militar começava a dar claros sinais de cansaço e, no campo da cultura, sobretudo na música, alguns grupos começavam a ter coragem de deixar as garagens e colocar o pé na estrada.
A sociedade começava a experimentar mudanças, mas ainda vivia o modelo clássico, constituído por um pai provedor que trabalha, uma mãe que cuida das crianças e os filhos, que devem respeitar os mais velhos, mastigar com a boca fechada, tirar boas notas na escola e não atrapalhar o descanso do papai.
O pai, melhor dizendo, o marido, também chamado “chefe de família” ou “cabeça do casal”, era, em conformidade com o artigo 233 do Código Civil então vigente, “o chefe da sociedade conjugal”, competindo-lhe o direito de ser o representante legal da família, a administração dos bens comuns e, em alguns casos, até mesmo dos particulares da mulher. Detinha o marido até mesmo o direito de fixar o domicílio da família e a contrapartida que se lhe exigia era a manutenção da casa.
A mãe, mulher, era relegada ao papel de coadjuvante, de auxiliar do marido na condução da família e nada mais. Vale lembrar o que dizia o artigo 240, do Código Civil que vigorou em nosso país até há 10 (dez) anos: “A mulher, com o casamento, assume a condição de companheira, consorte e colaboradora do marido nos encargos da família, cumprindo-lhe velar pela direção material e