Os feudos da modernidade

O temo condomínio (do latim: condominium) designa a propriedade ou o domínio de mais de uma pessoa sobre um bem em comum, ou sobre partes desse bem. Essa definição se adéqua corretamente quando nos referimos aos condomínios residenciais (de luxo) existentes no Brasil hoje em dia. Lugares nos quais determinado grupo de pessoas, geralmente de condição financeira mais abastada, divide um mesmo espaço residencial, no qual se delimitam lugares cujo a área varia entre o privativo e o comum. Para além da impressão de um convívio democrático que a convivência no condomínio residencial possa implicar - já que neles há uma divisão, uma propriedade partilhada sobre um bem e, consequentemente, igual direito sobre este - ele é, sim, um reflexo de situações que nos levam a supor o contrário disso, pois é consequência de uma sociedade na qual os recursos são distribuídos de maneira desigual e, consequentemente, da divisão social causada por essa má distribuição, e, também, de um Estado que se vê impotente diante da crescente insegurança vivida por seu povo.
Uma vez que, hoje em dia, em nosso país, a distribuição de renda está cada vez mais se dando de maneira desigual, apesar da “ascensão da classe C”, é mais que esperado, em uma sociedade que segue tão fielmente a cartilha do pré-conceito e na qual ele foi, e ainda é, parte integrante do bojo das relações sociais, que esses ditos privilegiados busquem separar-se dos menos privilegiados. Dando, assim, por meio dos condomínios residenciais, uma forma física ao abismo social brasileiro.
Portanto, essa forma física do abismo social proporciona um refúgio em relação as condições exteriores a ela. Lá os indivíduos privilegiados estão, por hora, distantes dos problemas da sociedade, como, por exemplo, a violência, que, inclusive, tem nesse abismo social, se não sua causa, um “potencializador”. Pois na medida que essa classe social, hipoteticamente mais intelectualizada, procura soluções paliativas em relação aos problemas