Os Estágios Primitivos do Complexo de Édipo - Melanie Klein
Segundo Melanie Klein, o complexo de édipo tem início antes do período indicado por Freud. Esta afirmação pode ser a mais polêmica da teoria kleiniana, exatamente por representar um possível ataque ao principal conceito da psicanálise clássica. Entretanto, suas bases estão fundamentadas empiricamente, através da observação e análise de bebês muito pequenos e não se pode dizer com certeza absoluta que é ou não é verdadeiro. Logo no início do estabelecimento da posição depressiva, o bebê percebe a mãe como um objeto total, assim como a si mesmo. Também se da conta que existem outras pessoas, com quem a mãe se relaciona e que não é o único alvo do seu amor. Em especial, o bebê toma consciência do vínculo existente entre seu pai e sua mãe. Porém, a criança tão pequena te a percepção deste vínculo deformado, alterado pela projeção dos próprios desejos libidinais e agressivos nas figuras dos pais. Estes impulsos são tão poderosos que fazem o bebê fantasiar que seus pais estão dando ininterruptamente um ao outro as gratificações ansiadas por ele em cada momento, variando as projeções de acordo com seus desejos em relação aos pais. Esta situação gera sentimentos de ciúmes e inveja, além de intensa privação. O bebê chega a perceber como uma afronta terrível o fato de as gratificações serem exatamente aquelas de que ele mais necessita para satisfazer-se, sem se dar conta do mecanismo da projeção. Assim os pais parecem realmente cruéis em relação a ele. O bebê passa a atacar os pais em suas fantasias, e acaba por destruí-los satisfatoriamente. Porém, os pais, por já estarem introjetados no ego do bebê, são percebidos como parte do seu mundo interno, e esta parte está sendo atacada e destruída. As defesas características das posições esquizoparanóide e depressiva são utilizadas contra estes sentimentos ruins e conflitantes. A negação, a divisão e a idealização podem assumir várias formas. Pode