OS COMPLEXOS AGROINDUSTRIAIS NO BRASIL - SEU PAPEL NA ECONOMIA E NA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
No inverno de 1978/79, Washington (DC) é tomada por uma “parada de tratores” promovida por agricultores (farmers) norte-americanos, ligados ao “American Agricultural Movement” (AAM). Esta grande manifestação protestava contra os baixos preços dos produtos agrícolas (Burbach e Flynn, 1982). Em abril de 1997, Brasília (DF) é inundada por uma passeata com cerca de 40.000 trabalhadores rurais ligados ao “Movimento dos Sem-Terra” (MST) que, vindos a pé, de diversos pontos do território brasileiro, reivindicavam a efetivação da reforma agrária. Nos Estados Unidos, os agricultores lutavam pela sobrevivência da tradicional agricultura familiar, até então o esteio do sistema agrário do país. No Brasil, luta-se, ainda, pela propriedade da terra por parte, principalmente, dos pequenos produtores que foram expropriados dos meios de produção. Estes dois eventos, à primeira vista desconectados entre si no tempo e no espaço, ilustram os efeitos perversos do avanço das relações capitalistas no campo que ocorrem em escala planetária. Nesta perspectiva, quaisquer estudos sobre a atividade rural, com exceção dos modelos coletivistas, devem contemplar o processo de desenvolvimento e expansão do capitalismo. Neste sentido, a América Latina e, em particular, o Brasil, passaram a constituir-se num dos espaços mais atrativos do mundo desde a II Guerra, para a expansão do agrobusiness e, com ele, um novo padrão agrícola, o chamado “complexo agroindustrial” (CAI). Lembre-se que a agropecuária brasileira prestou vital papel no processo histórico da ocupação do território e na configuração espacial do país, além de ter muito contribuído via exportação (reservas cambiais), à sua própria mudança modernizante e à edificação do complexo industrial (agroindustrial) brasileiro. A partir do final da década de 1950, o