os automoveis e o meio ambiente
Fábio Angeoletto (Doutorando em Ecologia pela Universidade Autônoma de Madrid. Bolsista de mobilidade da Universidade Aristóteles de Tessalônica, Grécia. fabio_angeoletto@yahoo.es)
Patrícia Pinheiro (Doutoranda em Medicina Preventiva e Saúde Pública pela Universidade Autônoma de Madrid. patriciagpinheiro@yahoo.es)
O dramaturgo italiano Luigi Pirandello, com verve irônica, costumava repetir que o autómovel foi inventado pelo diabo. O sistema de transportes deve ser a política mais fundamental de qualquer cidade que deseja, de fato, diminuir os impactos ambientais causados pela urbanização. O autómovel privado é o principal obstáculo a qualquer iniciativa concreta de sustentabilidade urbana. 67% da frota mundial de veículos é composta por automóveis privados. Atualmente, se fabricam aproximadamente 32 milhões de veículos por ano, um veículo a cada segundo.
A espantosa capacidade do automóvel particular em poluir, levou a União Européia a considerar o transporte como a causa individual mais significativa de impacto ambiental. Entre 2001 e 2010, o número de carros aumentará em 20%, na Europa. Nas cidades européias, apenas 15% dos cidadãos se deslocam usando o transporte público, ao passo que 50% usam automóveis particulares. Um agravante é a baixa taxa de ocupação desses veículos: cerca de 1,2 pessoas por automóvel.
Desafortunadamente, o predomínio do automóvel particular nas cidades é um fenômeno mundial. Na Inglaterra, os deslocamentos diários dos cidadãos cresceram 227% entre 1952 e 1996. Praticamente a totalidade desse aumento é de responsabilidade dos carros.
Os automóveis e motocicletas são responsáveis por 91% dos 76 milhões de quilômetros rodados anualmente nas cidade brasileiras de 60 mil habitantes ou mais. Nessas cidades, de acordo com o Ministério das Cidades, o transporte individual é responsável por 74% do consumo de energia e por 80% da emissão de poluentes nocivos à saúde humana e à natureza. O