Origens E Desenvolvimentos Recentes Na Fran A
O artigo apresenta um breve histórico da Psicopatologia do Trabalho na França, abordando as principais correntes, suas contribuições mais importantes, os autores mais representativos em cada uma delas e as possíveis críticas que poderiam ser levantadas ao conjunto de sua obra.
A finalidade maior deste artigo é a de resgatar reflexões que julgamos essenciais dentro de um campo relativamente pouco explorado pelos psicólogos brasileiros: o campo da saúde mental no trabalho (SM&T). Apesar de ser recente a discussão sobre este tema no Brasil, sabemos que ela iniciou-se na França, logo após a II Guerra Mundial, a partir de contribuições importantes da chamada "psiquiatria social". A publicação em 1987 do livro de Christophe Dejours, "A loucura do trabalho", teve uma importância crucial para o desencadeamento dessa discussão no nosso país, possibilitando o seu aprofundamento e incentivando os pesquisadores a aperfeiçoar-se e a desenvolver estudos dentro da nova especialidade que se delineava. Foi somente a partir daí, que o interesse dos psicólogos brasileiros pela questão da saúde mental no trabalho fortaleceu e adquiriu certa visibilidade. No entanto, se é inegável a importância dessa publicação (e de outras publicações do mesmo autor) para o desenvolvimento dessa especialidade no Brasil, não se pode negar também que a (quase) ausência de discussão em torno da obra de autores que também contribuíram para o crescimento dessa disciplina na França, favoreceu o surgimento de um viés em nossas pesquisas e produções teóricas sobre o assunto. Subestimando contribuições de teóricos importantes, os psicólogos brasileiros que se interessam por esta área de estudo podem construir uma imagem distorcida a respeito de uma disciplina que tem crescido graças às discussões e controvérsias suscitadas por representantes das mais diversas correntes que compõem o campo da SM&T na França.1 Seria impossível abordar de forma satisfatória toda a