Origem do Xaxado
Antigamente, nos tempos dos nossos avós, quando era ano de inverno nos sertões, era comum toda a família se juntar aos amigos e trabalhadores para cuidarem da boa terra mãe, que dá os frutos para o sustento de todos. Todos juntos, desde a limpa do mato, na broca, no plantio e na colheita. A alegria era geral. Significava barriga cheia e algum dinheiro na bisaca.
Mas, queremos chamar atenção é ao detalhe importante do assunto que abordamos aqui. Naturalmente estão perguntando o que tem a ver o xaxado com as safras nos sertões.
O elo entre os dois assuntos começa na origem da palavra.
Xaxar é uma corruptela de sachar.
Só se xáxa ou (sacha) feijão de arranca.
Os agricultores xaxam o feijão juntando a terra com uma enxada pequena no pé do caule do broto com poucos dias de nascido.
Verificando os movimentos dos pés de quem está manuseando uma enxada - limpando mato na roça ou xaxando - é semelhante aos de quem está dançando o xaxado básico.
Outro momento de muita alegria na vida dos roceiros é quando colhem o feijão e espalham a vagem (ou bajem) num lastro ou numa lona exposto ao sol, para secar. Quando seco, começa a fase de debulhação, ou melhor, tirar os grãos da pelica. Esse trabalho era feito em grupo, num círculo ao redor d'um monte de bajem, batendo com um pau e ao mesmo tempo chutando-as para virá-las. Outras pessoas, no mesmo ritmo de alegria com palmas e movimentos de pés, sincronizadas com as pancadas, cantavam loas e modinhas ao redor dos batedores.
Depois vinha o peneirado na peneira ou arupemba, sacudindo os grãos pro ar e aparando com muita habilidade o produto e deixando o vento levar as palhinhas. Ai também tem um quê de alegria no gingado e movimento de quem pratica. Enfim, esses trabalhos na agricultura foram base de inspiração para o surgimento dessa dança guerreira.
Quando os cangaceiros não estavam em combate, perseguindo ou fugindo dos inimigos, caiam numa terrível depressão e tédio nas caatingas, nos esconderijos,