Operário em construção - vinícius de moraes
O poema descreve o trabalho como base da vida humana, o processo de tomada de consciência de um operário, partindo de uma situação de completa alienação. No nível simbólico Operário em Construção trata de um operário que entra em processo de conscientização individual e resiste à exploração através da palavra “não”. É um dos poemas de lírica comprometida com o cotidiano.
O poema inicia com o papel do operário na construção das coisas e o desconhecimento da importância da sua profissão. Narra, em versos, a alienação verificada na multidão que empilha os tijolos com suor e cimento. De repente, o operário constata que ele, um humilde operário, era responsável pelos objetos que estavam em sua mesa e, “tomado de uma súbita emoção”, percebe que era ele quem construía tudo o que existia: “casa, cidade, nação!”. Compreende a força das rudes mãos e a grandeza de ser um operário em construção.
O operário se constitui em uma nova dimensão. A percepção da própria importância na sociedade que construía a compreensão do significado do exercício de sua profissão... Tudo disposto em poesia, a consciência adquirida, o conhecimento compartilhado como outros operários e a possibilidade de dizer não.
O patrão, verificando que toda a violência sofrida não convenceria o operário, tenta dobrá-lo com a proposta de poder, tempo de lazer e de mulheres, com a condição de que o mesmo abandone o motivo que lhe faz dizer não. O operário observa a ampla região em volta da construção e vê o que seu patrão não consegue ver: o operário vê casas e tantos objetos, enquanto seu patrão está limitado a visão do lucro. O operário percebe que em tudo há a marca de sua mão e diz “não” à oferta do patrão: “Não pode me dar o que é meu”.
O homem, com a amplitude da percepção que adquiriu, sente a enorme solidão dos que compreendem além das aparências, a responsabilidade pela vida dos que padeceram e dos que viverão com