Ondas de som e luz
Eu vi a linda Jônia e, namorado fiz logo eterno voto de querê-la; mas vi depois a Nise, e é tão bela que merece igualmente o meu cuidado.
A qual escolherei, se nesse estado eu não sei distinguir esta daquela?
Se Nise vir, morro por ela, se Jônia vir aqui, morro abrasado.
Mas, ah! que esta me despreza, amante, pois sabe que estou preso em outros braços, e aquela não me quer, por inconstante.
Vem, Cupido, soltar-me desses laços: ou faze desses dois um só semblante, ou divide o meu peito em dois pedaços! Alvarenga Peixoto
NO POEMA DE ALVARENGA PEIXOTO - ELE DEMONSTRA AMAR, AO MESMO INSTANTE, COM A MESMA INTENSIDADE E VOLÚPIA, DUAS MULHERES - JÔNIA E NISE -, CLAMANDO POR DEIXAR DE AMÁ-LAS; TORNAREM-SE, AS DUAS, EM UMA OU O CORAÇÃO, POR TORNAR-SE, INSENSATO, PARTIR-SE EM DOIS, PARA ABRIGAR JÔNIA NUMA METADE E NISE, NA OUTRA METADE.-
Menina e moça
MENINA e Moça! Há no volver das horas
Esta idade ideal e feiticeira;
É quando a estrela expira e rompe a aurora
Um prelúdio nos leques da palmeira.
Menina e Moça! Há no viver das flores
Este instante feliz... É quando a rosa,
Ao relento das noites perfumadas,
Abre o cálix, risonha e curiosa.
Menina e Moça! HÁ no passar dos anos
Esta estação de amor... quando nas veigas
Fazem-se em flor as folhas sussurrantes,
Beijam-se as pombas, arrulando meigas.
Menina e Moça! Há no sonhar da música
Som que esta idade festival exprime...
Quando a voz do piano espalha aos ermos
Os suspiros saudosas de Bellini.
Menina e Moça! Se a poesia esquece
Agora o tipo da criança bela,
Quem não te adora a límpida inocência,
O filha de Sorrento! Ó Graziela!
Menina e Moça I Castidade e pejo!
Crença, frescura, divinal anseio!
Por quem tu cismas? — Se pergunta à fronte.
Por quem palpitas? — Se pergunta ao seio.
Menina e Moça! É tão festivo