Oliveira Lourenço
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António F. M. Oliveira , Paulo B. Lourenço2
Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Civil
Azurém, P – 4800-058 Guimarães, Portugal
RESUMO
O presente trabalho pretende sensibilizar técnicos e investigadores para a problemática associada ao cálculo estrutural baseado em programas de cálculo automático comerciais. É notória a evolução que este tipo de programas experimentou nas últimas décadas, desde a emergência do computador como ferramenta disponível ao cálculo estrutural. Não é de difícil constatação que, quanto maior é a capacidade de cálculo dos programas, menor é o domínio do utilizador sobre as ferramentas que utiliza. Pretende-se, assim, questionar a fiabilidade dos programas, bem como a sua utilização generalizada na comunidade técnica.
1. INTRODUÇÃO
Existe, nos dias de hoje, uma grande variedade de programas de cálculo automático de estruturas de betão armado disponíveis no mercado português. A forma como tentam cativar comercialmente os possíveis utilizadores centra-se em aspectos de utilização e não em aspectos de cálculo. As justificações de cálculo estão normalmente ausentes ou são apenas referidas de um modo incipiente. Desta forma, os projectos de estruturas parecem ser cada vez mais o resultado de programas de cálculo automático onde a responsabilidade e a importância do engenheiro de estruturas se dilui numa cadeia de montagem, em que o projectista se pode limitar a colocar o sistema em movimento. Esta situação arrastou para o projecto estrutural técnicos que se encontravam afastados dessa prática de engenharia antes destas ferramentas se encontrarem disponíveis no mercado. Como resultado, um estudo recente detectou inúmeros projectos de baixa qualidade nas câmaras municipais, Ribas (1999).
É inquestionável que as consequências de um dimensionamento deficiente de uma estrutura de betão armado são particularmente gravosas,